Que sensaçao!
De repente vc acorda com um estrondo alto e tudo começa a se mexer. É de madrugada, a luz se vai e a incerteza chega. Pra onde ir? o que está acontecendo? Acabou? e os familiares, como estao?
A primeira reaçao é guardar a familia, prover segurança, mas a verdade é que as reaçoes sao difíceis e lentas. Estávamos na costa, a 2 horas de Santiago, numa regiao chamada "El tabo".
Imediatamente buscamos informaçoes via radio, mas a verdade é que todo o Chile estava no escuro e isolado, e nós sem saber o que vinha em seguida, sem saber que atitude tomar.
O pessoal que estava conosco conseguiu sintonizar uma radio argentina, que acusava um terremoto no Chile, na regiao de Concepcioón, ha 100 Km da cidade onde moramos. Queríamos desesperadamente saber do risco de Tsunami, já que estávamos bem próximos à praia. Alguns sugeriram que procurássemos zonas mais altas, mas a verdade é que se houvesse um "ataque marítimo" nao havia muito o que fazer...
Nenhum celular funcionava, mas ainda tínhamos água, o que era bom. Todos permaneceram alertas até amanhecer. Depois do terremoto sentimos outros tremores fortes.
Através dos celulares com acesso à net, recebíamos noticias internacionais do que estava acontecendo. Entendemos que havia risco de tsunami e que a amplidao do terremoto tinha sido a nível nacional.
Com o dia chegando nos organizamos em voltar pras nossas cidades. Nós como família estávamos preocupados com os familiares que estavam em Santiago e decidimos partir para a capital. Havia muiti tráfego, ñ havia combustível nas estradas e nenhum lugar aberto para conseguir água ou mesmo comida.
Quase chegando a Santiago, depois de 5 horas de viagem, encontramos um lugar onde compramos alguns sandwiches, empanadas e suco. Conseguimos abastecer o carro e encontramos os nossos familiares bem, com excessao do Mauricio que havia ido acampar na cordilheira na noite anterior e por isso nao tínhamos informaçao.
Como na casa do meu pai havia luz e agua, começamos anos interar de toda situaçao. Descobrimos que nossa regiao tinha sido a mais afetada e que, de fato, tsunamis destruíram cidades, matando varias pessoas.
Empreendemos viagem ao sul mesmo conhecendo os riscos. Buscamos a presença de Deus e seguimos viagem. Com vários desvios e problemas com combustivel, pudemos chegar a Chillán depois de 11 horas de estrada. No caminho muita destruiçao e escuridao, a sensaçao de que todo o país estava prostrado, literalmente no chao.
Chegamos as 2 da manha, entramos em casa esperando ver tudo no chao. Logo na entrada algumas pedras, na escada que acessa os quartos, entulho, mas na sala, cozinha e demais dependencias do terreo tudo intacto.
Tentamos dormir, o que foi dificil ja que constantemente sentíamos as réplicas. Ao amanhecer, pudemos ver com mais exatidao o que acontecera. A casa pastoral compartilhava a parede do edifício ao lado e, no ponto de apooio, em toda a "laje" existe uma rachadura, que temos que ver se impede que seja habitável. Rapidamente chegou a água e tempo depois, a luz.
Alguns irmaos apareceram para a Escola Dominical e tivemos uma breve reuniao, com oraçao, hinos e uma meditaçao. O culto à noite foi suspenso. O telhado apresenta uma maior inclinaçao, que precisa ser avaliada, a torre da igreja também precisa da perícia.
Com a volta da luz e agua, começamos a contactar-nos com os demais irmaos para saber notícias e danos. A igreja nacional pedia informaçoes para envio de ajuda. Graças a Deus, os irmaos estao bem. Estaremos visitando a todos eles e vendo os danos físicos de cada um, mas pelo menos Deus preservou suas vidas.
Constantemente estamos com a radio ligada, procurando saber noticias. Infelizmente há havido varios saques, roubos e violaçoes. Aqui em Chillán escaparam 269 presos que incendiaram as casas vizinhas e roubaram carros nas ruas para fugir. Há muito vandalismo e o exército teve que decretar toque de queda, onde das 9 da noite ate o meio dia do dia seguinte ninguém pode estar nas ruas (isso em Concepión).
Conseguimos comprar alimentos ontem e, alguns irmaos nos deram algumas coisas, bem como a Junta diaconal, já que tinhamos chegado de viagem e ñ tinhamos provisao de alimentos. Estamso bem, graças a Deus.
Hoje devemos ver a questao da escola da Yasmim, visitar os irmaos e ver o que precisa ser feito na igreja e na casa pastoral.
Obrigado a todos que têm mandado suas mensagens e todos que têm orado por nós. Pedimos que continuem intercedendo por nós e por todo o Chile.
Deus os abençoe.